III - Encontrar - Janeiro de 2011
“Desculpe por isso... Não era pra
ter acontecido.” Essa
frase rebatia na minha mente, mas era um desejo incontrolável de ter Katherine em
meus braços novamente, Eu estava procurando respostas... Nossa
história precisava tomar um rumo definitivo. Havia também a Jully. Ela se
recuperara, e toda vez que nos esbarrávamos na mansão, o clima ficava tenso.
Não podia esquecer o meu passado com ela, pois como ouvi certa vez, quem
esquece o passado está destiná-lo a repeti-lo. Resolvi olhar para o futuro,
resolvi investir em Katherine.
Mas como? Eu era o chefe dela. Isso
seria contra as regras do trabalho. Maldita hora em que assumi a direção.
Cheguei à agência. Quando entrei no
meu escritório, vi apenas escuridão e pessimismo. Pensei naquele sorriso que
era mais brilhante que o nascer do sol. Katherine... Respirei fundo, e pela
primeira vez levantei as persianas iluminando tudo. Liguei o aquecedor. O lugar
renascera.
Fui até a sala de Katherine cheio de
alegria, mas a sala estava trancada. De repente a secretária dela voltara com
um copo de café.
- Sr. Rúbati, a Srta. Madison tirou
férias, o senhor esqueceu?
Como pude esquecer. Era o mês do seu
aniversário, 28 de janeiro. E era o mês de suas férias. Ela havia ido embora
sem se despedir...
O que fazer? Perguntei para onde ela
viajara. Londres.
Voltei ao meu escritório, desabei no
sofá e olhei para o teto como de costume. Pensei alguns minutos, peguei meu
celular e liguei:
- Olá, eu gostaria de reservar uma
passagem...
Viajei
na mesma noite. Reservei um hotel não muito caro, apenas para passar esse final
de semana. Teria dois dias para conquistá-la.
Londres; já viajei algumas vezes
para lá, mas sempre parecia ser a primeira vez. É um lugar que mexe com meus
sentimentos.
Liguei para o celular dela.
- Katherine?
- Petter? – disse espantada.
- Oi, onde você está exatamente?
- Como assim?! Estou de férias em
Londres...
- Mas onde? Eu também estou aqui.
Ela emudeceu.
- Alô? Está ainda aí?... Onde posso
te encontrar? Eu sei que são suas férias, mas precisamos conversar.
Ela concordou, e fomos, no dia
seguinte, nos encontrar em um café perto de onde eu estava hospedado.
- Você está me surpreendendo
bastante sabia? Antes só querias se livrar do mundo, sumir, se isolar, e hoje
aparece no meio das minhas férias, invadindo o meu mundo...
Rimos. Ela estava linda.
- O que te trás até aqui?
- Você. Vim atrás de você.
Ela desviou o olhar parecendo fugir
disso.
- Sabe que dia foi ontem? – ela me
perguntou.
- Seu aniversário. Eu sei que esse
não é o momento certo para te dizer essas coisas, mas isso é importante, não
agüento mais ficar na dúvida.
- Você está apaixonado por mim?
Gelei.
- Estou. Acho que não era para
estar, mas eu estou... Me entende?
- Entendo. Eu estou sentindo o mesmo
por você. – ela disse. Quis sorrir, mas a situação nos deixava apenas olhar um
para o outro sério.
- Katherine, nunca mais eu havia
sentido isso... Às vezes quando penso em você, três palavras ficam engasgadas
na minha garganta.
- Quais?
- Acho que não é bom falar... Não
agora.
- Se preferes não falar...
- É estranho...
- Segue seu coração.
- A vontade é grande, mas tenho medo
de que isso suma de repente.
- Apesar do pouco tempo, do único
momento em que nós estivemos juntos, das poucas palavras trocadas, eu te digo
que estou apaixonada por você também...
E então falei o que estava
engasgado.
- As palavras que teimam em sair...
Eu te amo. Mas é muito cedo para isso... É estranho.
Ela refletiu um pouco e voltou a
dizer:
- Não tem problema nenhum em
dizê-las, estranho é, mas se vem de dentro, de coração...
- Eu te amo, mas talvez não de uma
intensidade comum, mas já é algo forte sabe?
- Não com a intensidade que as
pessoas colocam nessa palavra, nesse sentimento... Mas o nosso “eu te amo”
carrega uma intensidade nossa. Eu também... Também te amo da nossa forma.
Meu coração disparou.
- Eu gosto dessas palavras
especiais, dessa em especial que carrega um sentimento forte. – ela disse.
Concordei, sorri. Fiquei olhando ela
algum tempo. Ela séria, com aqueles olhos que me hipnotizavam. Não hesitei e a
beijei.
Não queria soltá-la.
Eu nunca compreendi nem sabia para
que servia o amor, eu não acreditava em destino, e de repente ela estava do meu
lado. Quer saber como é o meu amor por ela? Mais brilhante que o nascer do sol.
De repente eu era dela. Eu nunca vi isso acontecer. Ela pareceu tão certa sabe?
Eu e ela... O amor definitivamente é um mistério.
- Sabe, quando eu estou com você,
sinto nossos corações batendo no mesmo ritmo, é uma sensação ótima. – disse ela
sorrindo para mim.
- Compartilho o mesmo com você. –
retribui com um beijo – Sei que é cedo e tudo mais, porém você quer ter um
relacionamento sério comigo? Não quero ter você como um caso qualquer...
- Uau, isso é... Devíamos ir mais
devagar, mas... Você tem
certeza disso? Você está disposto a firmar algo sério comigo? Eu também não
quero um relacionamento qualquer...
Concordei com todas as perguntas. Ela agora estava com a
boca quase colada a minha. E então ela sussurrou:
- Eu senti tanta a sua falta.
Beijamo-nos. Um beijo interminável. Minha mão segurava
seu rosto não a deixando fugir.